Aneurisma da aorta abdominal

Aneurisma é a dilatação anormal e permanente de um determinado segmento das artérias, com origem no enfraquecimento da parede arterial. Podem ser congênitas, como no caso de alguns aneurismas intracranianos, ou secundárias a certas patologias como inflamações, infecções ou traumatismos.

Em princípio, qualquer artéria pode ser comprometida, mas a aorta abdominal, especialmente em seu segmento abaixo das artérias renais, é mais frequentemente envolvida pelo aneurisma. Uma vez enfraquecida, a parede arterial cede à constante pressão sanguínea em seu interior e se dilata. A partir daí essa dilatação aumenta cada vez mais, progredindo para a rotura da artéria, situação sempre de extrema gravidade.

A velocidade com que isso ocorre, ou seja, o tempo de crescimento do aneurisma, é variável de pessoa a pessoa e depende de fatores como a sua localização, natureza da doença que o causou e presença de fatores contribuintes, como a hipertensão arterial. Há casos em que vários anos se passam desde o início da doença sem que aconteça variação significativa no tamanho do AAA. Por outro lado, há casos em que esse crescimento é rápido.

A probabilidade de rotura é proporcional ao tamanho do aneurisma, mais especificamente ao seu diâmetro. De modo geral, considera-se que a partir de 5 cm de diâmetro todo AAA deva ser tratado para evitar sua complicação maior, a rotura.

Outra informação importante é a ausência de sintomas em vários casos. Ou seja, o portador do aneurisma nada sente no início, podendo as manifestações aparecerem apenas tardiamente, quando, pelo volume, a dilatação começa a comprimir estruturas vizinhas na cavidade abdominal, ou ainda, surgirem apenas na vigência da expansão aguda ou da rotura, em decorrência da hemorragia interna.

Mesmo antes da rotura os sintomas podem ser vagos e inespecíficos, podendo surgir dores lombares que simulam problemas renais ou de coluna, náuseas, plenitude gástrica (estômago cheio), entre outras, de forma que o diagnóstico muitas vezes é feito “por acaso”, através de consulta ou exames realizados com outra finalidade.

Por isso, recomenda-se o “check up” periódico após os cinquenta anos de idade, principalmente nos casos em que há relato familiar desta doença, ou onde haja fatores de risco para aterosclerose, como obesidade, sedentarismo, fumo, stress, hipertensão arterial, diabetes , alterações no lipidograma, etc.

O diagnóstico é possível na maioria das vezes apenas pelo exame físico. A simples palpação do abdômen evidencia sua dilatação e expansibilidade. Exames como a ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética ou arteriografia confirmam e possibilitam o planejamento da operação.

O sucesso do tratamento – sempre cirúrgico e prioritário – depende do diagnóstico precoce e da operação planejada e executada antes da rotura, por equipe experiente de especialistas, em hospitais bem equipados. O que varia, no entanto, é o tipo de cirurgia a ser realizada e o momento certo para ela. Com relação ao tipo de cirurgia, existem duas técnicas: a técnica aberta e a endovascular. A primeira representa, em última análise, a substituição do segmento dilatado da artéria por uma prótese vascular. Já a segunda consiste na introdução de prótese especial no interior do aneurisma, através do cateterismo das artérias femorais (das virilhas) e mediante controle radiológico. Este é um procedimento menos invasivo, pois evita a abertura da cavidade abdominal, mais rápido e com menor período de internação.

Hoje, podemos dizer que o tratamento de escolha é o endovascular, não sendo realizado apenas nos casos onde a anatomia do aneurisma não permita a introdução da prótese.

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